O ano de 2007 está sendo um ano de virada na carreira da piloto Mariana Balbi. Pessoal e profissionalmente. Desde que mudou para os EUA, no início de maio, a brasileira viu a sua rotina de vida mudar completamente. Praticamente adaptada ao novo estilo de vida, ela se mostra feliz e empolgada com o restante da temporada.“Aqui não tem refresco. Não tem essa de ir treinar duas, três vezes por semana. A rotina é muito mais dura, muito mais profissional. Acordo todo dia cedo, às 6h da manhã e vou para a pista, onde faço até cinco baterias de vinte minutos. A tarde ainda tem natação e bicicleta para manter o preparo físico”, contou a brasileira.A nova rotina parece estar dando resultados. Neste final de semana, a brasileira correu o Yamaha Dealer Series, em Glen Helen, na categoria Women´s Pro, e não deu chances aos seus adversários. Venceu as duas baterias e conseguiu sua primeira vitória nos EUA, mesmo correndo entre os homens.A brasileira encarou a prova como uma preparação para a terceira etapa do WMA, que acontece em Budds Creek, na Costa Leste. Antes da prova, porém, ela participa de mais uma etapa do Yamaha Dealer Series, neste final de semana (9 e 10 de junho). A vitória animou a mineira, que vai fazer todas as etapas da competição que puder. O Yamaha Dealer Series têm oito etapas ao longo do ano, todas disputadas em Glen Helen. Apesar da competição não contar com as principais rivais de Mariana no WMA, ela disse que o torneio é tradicional na região e possui grandes adversários. “A prova tinha muitas meninas experientes, que já correm de moto há muito tempo aqui na Califórnia. Além disso, a bateria é mista e tinha também homens, que são sempre rivais difíceis”, comentou a brasileira.
Começo difícil
Mariana chegou aos EUA muito animada para a temporada 2007. Depois de obter um excelente resultado no WMA em 2006, quando andou no mesmo nível das melhores do mundo, ela esperava chegar este ano brigando por vitórias. Mas a mineira teve problemas e o início não saiu como o planejado.Depois de ficar anos correndo com uma Honda CRF 450, a piloto está competindo com uma Yamaha 250F. A mudança foi muito drástica e Mariana teve pouco tempo de adaptação ao novo equipamento. Apesar disso, foi top 10 nas duas primeiras provas, terminando em 8º lugar na primeira e em 5º lugar na segunda.“Na segunda etapa tive uma queda feia e quebrei até a roda da moto. Não tive nada, mas fiquei um tempo sem treinar, me dedicando ao reparo da moto. Voltei às pistas faz duas semanas. Estou treinando muito e já estou bem mais confortável com o novo equipamento”, explicou.Além das dificuldades de adaptação com a nova moto, Mariana reconhece que o nível das suas adversárias cresceu muito. “Não sou só eu que treino todos os dias. Sempre que vou pra pista encontro as mulheres treinando. Elas também treinam todos os dias e são muito profissionais. O campeonato este ano está muito mais difícil do que foi no ano passado”, comparou.
Separação da família
Pela primeira vez, Mariana está vivendo sozinha, longe de seus pais e de seu irmão. Os pais ficaram no Brasil e o irmão, Jorge Balbi, está na Costa Leste se preparando para as próximas etapas do AMA Motocross. Este período tem sido um marco na vida da brasileira.“Estou evoluindo muito tanto pessoal como profissionalmente. Sempre morei com a minha família e claro que isso traz um certo comodismo. Aqui em poucos meses aprendi muitas coisas. Estou trabalhando de mecânica. Estou lavando moto, limpando corrente, trocando filtro. Além disso, estou aprendendo a me virar e aperfeiçoando o inglês. Está sendo uma experiência muito legal, estou muito feliz”, disse.Mariana está morando na casa de um casal de amigos de seu irmão. O filho mais novo do casal tem 15 anos e também é piloto de motocross. Como ele é menor de idade e ainda não tem carteira de motorista, ela o leva para a pista todos os dias, onde treinam juntos. A saudade da família é o único ponto negativo apontado por ela. Sozinha pela primeira vez, Mariana diz que tem utilizado o trabalho como fuga para não pensar na solidão. Além disso, a boa ambientação também tem facilitado a vida da brasileira. “Já perdi muito da minha timidez, melhorei bastante meu inglês. Claro que ainda não é igual ao Brasil, mas o ambiente aqui já está bem melhor, bem mais familiar”, festeja.
Diferenças em relação ao Brasil
Com pouco mais de um mês nos EUA, Mariana Balbi já percebeu a diferença de profissionalismo entre os dois países. A brasileira teve que se readaptar para entrar no ritmo imposto pela Terra do Tio Sam.A principal diferença, segundo Mariana, é o modo de treinamento dos competidores. Diferentemente do Brasil, onde os pilotos tem mecânicos e toda a infra-estrutura, nos EUA os pilotos trabalham de forma mais independente. “Todos os pilotos aqui sabem fazer tudo. Ninguém aqui tem mecânico nos treinamentos e todo mundo treina todos os dias. Não adianta achar que você vai só chegar, sentar em cima da moto e treinar. Isso não existe. Aqui todo mundo lava sua moto e faz pequenos ajustes. Além disso, todos treinam muito”, analisou.
Reconhecimento
Outra coisa que deixou a brasileira muito feliz foi a diferença de tratamento em relação ao ano de 2006. Se quando chegou no ano passado ela era apenas uma desconhecida, este ano já é mais respeitada por suas adversárias.O quinto lugar conseguido no ano passado, além das excelentes performances, foi mais do que suficiente para que ela conseguisse se impor no país. “Hoje todos sabem quem é Jorge Balbi, quem é Mariana Balbi. Tanto eu, como ele, somos reconhecidos como pilotos de muito talento. Além disso, os americanos nos consideram muito batalhadores, e admiram nossa garra” disse.Treinando todos os dias nas pistas da Califórnia, Mariana se assustou quando passou a ser reconhecida no meio motociclístico. “Eu estou treinando e o pessoal vem conversar comigo, me perguntar se eu sou a Mariana Balbi. Conversam comigo como se eu fosse famosa, sabe, chega a ser engraçado”.O motocross é um esporte muito popular na Califórnia. O estado possui cerca de 15 pistas diferentes para treinamento e é onde vivem os principais pilotos. Tanto a campeã do WMA, Jéssica Patterson, como o multicampeão Ricky Carmichael vivem na região. Mariana Balbi está nos EUA com o apoio da Zoolo, ASW/Fox, Pirelli, Orbital, Cia Athletica e Max Savings Mortgage.